Sonia Mazetto é Fonoaudióloga especialista em voz, Produtora e Gestora Cultural e Palestrante
Você já parou para pensar na comunicação? Afinal, comunicamos para o outro, para que esse entenda e compreenda. Então, você se perguntou se está usando as estratégias corretas para reter a atenção do seu interlocutor? Eu estou falando com uma pessoa que é mais visual, que é mais auditiva, que é mais sinestésica? O que essa pessoa espera ouvir?
Parece complexo, e de fato exige muita preparação, mas os resultados de uma boa comunicação são incríveis. Pessoas bem-sucedidas profissionalmente tendem a ter um domínio do processo de comunicação como um todo. E a comunicação vai muito além da linguagem verbal, ela envolve a linguagem não verbal, a linguística, a programação neurolinguística (PNL), a oratória, discurso, enfim, comunicação é a abrangência.
A linguística é um dos elementos que compõem a comunicação e que estuda a origem das palavras. Quando se tem noção do que a linguística compreende, é possível utilizá-la dentro do objetivo desejado. Por exemplo, para uma pessoa atingir o propósito de uma comunicação mais efetiva, ela pode eleger algumas palavras específicas que vão desde qualificativas a pequenas junções.
É importante adicionar uma informação aqui. Os sons falados aqui na nossa região, por exemplo, as rezadeiras, os cantadores de cururu, enfim, não estão errados ou equivocados. Não é questão da palavra estar na pronúncia errada, é uma questão cultural que envolve linguística e sonoridade. Sendo assim, não faz sentido querer adequar, já que é uma característica justificada pela linguística.
A oratória é outra ferramenta da comunicação que abrange a habilidade do bem falar. Essa habilidade envolve as questões anátomo-fisiológicas, compreendendo a articulação e dicção. Então a oratória se refere a oralizar com precisão, e não tem como falar em oralizar sem pensar em estrutura interna e externa da boca. Na Grécia antiga, inclusive, colocava-se pedrinhas dentro da boca para começar a desenvolver a aptidão dentro desse processo articulatório.
E a oratória ajuda a falar em público? Claro que sim, porque quando você começa a se autodescobrir, a entender quais os elementos que se tem, os que não domina, enfim, como utilizar do bem falar, isso vai te trazer segurança. É claro que as pessoas que tem fobia de falar em público devem se ater às questões emocionais e psicológicas, mas o domínio da técnica da oratória ajuda. Quando a pessoa conhece os elementos possíveis e as ferramentas, ela diminui o caminho e o torna menos sofrível.
Tem algumas dicas preciosas para quem quer falar bem. Primeira: é preciso ler para ampliar o arquivo de palavras. Ler enriquece muito o arquivo neural no sentido de vocabulário e de expansão, porque as literaturas trazem muitas palavras novas. Inclusive, é preciso desenvolver o hábito de ler grifando as palavras desconhecidas e depois as pesquisar. Isso amplia muito nosso arquivo neural.
Pesquisar novas palavras dentro de textos diferenciados também expande o conhecimento. Eu sempre falo, colecione palavras, porque uma palavra, quando bem colocada dentro de seu discurso, muda o conceito do outro sobre você. E como falamos no início do artigo, a comunicação se dá entre os interlocutores.
Outra dica importante é, quando você for preparar o seu discurso, remeta a alguém para validar a sua fala, e não tem ninguém melhor do que a ancestralidade para isso. Traga a fala de um líder, de uma pessoa do passado, algo histórico. Tal ação mostra para o inconsciente coletivo que você é uma pessoa informada, que não está trazendo um achismo, mas sim um fato histórico que credibiliza o seu discurso.
Outra dica para ficar mais à vontade durante um discurso é treinar as sobrancelhas. Como assim? Te explico. Experimente levantar as sobrancelhas quando for falar e comece a exercitar falando assim. Esse comportamento diz para o seu cérebro “estou feliz, está legal”, o que o ajuda a desenvolver o discurso. A pessoa vai perceber que, quando ela levanta as sobrancelhas, ela abre mais a boca para falar, o que melhora a fala.
Na verdade, uma medida simples como levantar as sobrancelhas, olhar para o nível dos interlocutores, ou um pouquinho acima, até fixando em um ponto, proporciona mais tranquilidade. Ou mesmo usar uma rolha e ficar repassando o seu discurso. Isso ajuda a criar memória muscular facilitando a fala, afinal o seu discurso já estará em seu arquivo neural. Que tal experimentar?