Dia Internacional da Tolerância Zero para a Mutilação Vaginal.
A prática da mutilação dos orgãos externos sexuais feminino, ou a cincursição feminina, é ainda uma prática comum em rituiais de algumas culturas. Como campanha permanente contra esse tipo de prática, a ONU estabeleceu o dia 06 de fevereiro como o Dia Internacional da Tolerância Zero para a Multilação Genital Feminina.
Embora acredita-se que a prática da multilação feminina esteja concentrada apenas em 30 países africanos e no Oriente Médio, ocorre também em alguns países da Ásia e da Ámerica Latina, sendo comum também na população imigrante que habita na Europa Ocidental, Ámerica do Norte, Austrália e Nova Zelândia.
A ativista antimutilação Bishara Sheikh Hamo, da comunidade Borana no Quênia, conta que foi submetida a multilação de seu orgão genital externo aos 11 anos de idade, por exigência de sua avó, para que se tornasse “pura”. No Quênia, Bishara afirmou à BBC World Service, que a mutilação foi nela feita ao lado de outras quatro garotas: “Eu estava vendada. Depois eles ataram minhas mãos para trás, minhas pernas foram abertas e prenderam meus lábios vaginais”.
O QUE É A MULTILAÇÃO GENITAL FEMININA?
Mutilação Genital Feminina, ou GMF (sigla), é o corte ou a remoção da genitália externa da mulher. A Organização Mundial da Saúde descreve essa prática como “um procedimento que fere os órgãos genitais femininos sem justificativa médica”. A ONU pede que os investimentos contra essa prática sejam redobrados, na defesa dos direitos das mulheres e das meninas.
Existem quatro tipos de mutilação, que descreveremos logo abaixo:
1º tipo: Clitoridectomia, que consiste na remoção parcial ou total do clitóris e da pele que o rodeia;
2º tipo: Excisão, seria a remoção total ou parcial do clitóris e dos pequenos lábios;
3º tipo: Infibulação. O corte ou uma costura feita nos grandes e pequenos lábios. O fechamento da vagina e da ureta, deixando uma pequena abertura por onde sai o fluído menstrual e a urina. Em alguns casos, é preciso abri-lá para permirtir a penetração ou a passagem do bebê durante o parto;
4º: abrange todos os tipos de multilação, a exemplo: a perfuração, incisão, raspagem e a cauterização.
POR QUE AINDA SE PRATICA A MGF?
Em algumas culturas, a multilação feminina serve como um rito de passagem para a vida adulta. Em outras situações, seria como prática religiosa, para obtenção da aceitação social, ou até mesmo como uma forma de preservar a virgindade feminina, com o objetivo de tornar a mulher “casavel”.
Normalmente, a MGF é feita sem o consentimento da mulher.
CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS DESSA PRÁTICA PARA AS MULHERES.
No ano de 2015, o governo da Nigéria oficializou a proibição da prática da MGF, enquanto no Brasil, mesmo não sendo recorrente, essa prática ainda não foi criminalizada.
Segundo a Doutora Virginia Azambuja, médica ginecologista, obstetra e mastologista em Pontes e Lacerda, as consequência dessa prática para o corpo feminino estão para além das fisícas, chegando a afetar o psicológico dessas mulheres.
Para a mente dessas mulheres, a Doutora ginecologista enfatiza as sequelas neurológicas e lesões cerebrais, depressão, baixa autoestima, pesadelos, insônia, pânico, isolamento social, alterações de humor e comportamento e a perda de memória.
Omnia Ibrahim, blogueira e cineasta do Egito, conta que sua comunidade a ensinou “que um corpo significa sexo e que sexo é pecado. Na minha opinião, meu corpo se tornou uma maldição”. Omnia afirma ter lutado contra o impacto psicológico da multilação durante toda sua vida adulta.
Enquanto para o corpo, são comuns: o sangramento excessivo, infecções, infertilidade, relações sexuais dolorosas, complicações no parto, cicatrizes dolorosas e até mesmo o choque séptico – que nada mais é do que uma infecção generalizada, podendo causar desde a pressão alterial perigosamente baixa até a falência dos orgãos .
Em países como no Reiuno Unido onde a prática da mutilação é ilegal, uma mãe (da Uganda) se tornou a primeira pessoa dessa união política a ser condenada por ter mutilado sua filha de apenas três anos de idade. A jurista Charlotte Proudman, conta que essa prática tem crescido em bebês e crianças, sendo praticamente impossível a detecção, visto que essas crianças não estão nas escolas ou não possuem idade suficiente para realizar a denúncia.
Fonte: BBC News.