Você já sentiu uma dor em queimação na parte de cima da barriga, náuseas ou estômago cheio? Saiba que esses sintomas estiveram presentes em aproximadamente 80% dos pacientes que tiveram o câncer gástrico, e sobre essa doença que vamos falar hoje.
O estômago é a parte mais dilatada do nosso sistema digestivo, responsável pela digestão dos alimentos após a mastigação e com capacidade de armazenar até 4 litros de comida (haja pacupeva e farofa de banana!). Contudo, pode ser a “morada” da quarta maior causa de morte por câncer no mundo, atingindo 7,7% dos casos, o equivalente a 38 mil mortes por ano na América Latina.
Os principais fatores de risco são a infecção pelo H. pylori, histórico familiar, dietas ricas em sódio ou alimentos embutidos e tabagismo. Como fatores protetores, temos a ingestão de frutas, vegetais e fibras. Pacientes com gastrite crônica e metaplasia intestinal também têm risco de desenvolvimento de câncer acima da média.
Então como prevenir, e há alguma forma de rastreamento a ser seguido no Brasil? O principal método de diagnóstico é a endoscopia digestiva que possibilita a visualização do estômago por dentro, realizar biópsias e testar para o H. pylori. Mas rastrear qualquer indivíduo sem algum critério geraria um custo enorme na ausência de qualquer benefício. Transcendendo um estudo coreano sobre custos e eficácia de rastreamento, eu calculo que seriam necessários 9 bilhões de reais em exames de endoscopia para o diagnóstico de menos de 40 casos, se iniciássemos o rastreamento no Brasil.
Quem então deve fazer o exame? Via de regra indicamos para o paciente com mais de 45 anos com sinais de alarme que são: perda de peso, dor abdominal persistente, suspeita de úlcera gástrica, fezes escurecidas ou quando há suspeição pelo médico que o assiste, independente da idade. A melhor forma de prevenção continua sendo a adoção de dieta saudável, cessação do tabagismo e orientação.
Dr. Marcus Lindote é Cirurgião Oncológico no Hospital de Câncer de MT.